domingo, 13 de janeiro de 2008

Protesto em São Paulo


'Pendurar bicicletas é interessante', diz representante da PrefeituraPara chefe de gabinete da Secretaria de Verde e Meio Ambiente, protesto merece elogios. Ciclistas penduraram bicicleta em poste para reclamar de mortes no trânsito.

A bicicleta pendurada em um poste na Avenida Luiz Carlos Berrini em protesto contra o alto número de ciclistas mortos no trânsito de São Paulo foi bem vista pela Secretaria Municipal do Verde e Meio Ambiente. Para o chefe de gabinete da pasta, Hélio Neves, a iniciativa é uma boa maneira de se chamar atenção para o problema do trânsito na capital.
"Pendurar bicicletas é interessante, chama bem a atenção e desperta as pessoas para um problema que afeta também o pedestre e quem anda motorizado", afirma o chefe de gabinete. "Temos essa percepção de que o transporte individual em carros só agrava o problema. A frota aumenta exponencialmente, o trânsito vai piorar e não adianta abrir mais vias, mais ruas. Não é assim que se resolve o problema. A bicicleta pode vir a ter um papel bastante importante", defende.
Os ciclistas que penduraram a bicicleta em um poste têm realizado diversos protestos na cidade, incluindo a pintura no asfalto em faixas das principais avenidas. A bicicleta pendurada foi toda pintada de branco e está bastante danificada. Um ciclista morreu em agosto de 2006 próximo ao local escolhido. No exterior, esse tipo de protesto é bastante comum e as bicicletas são chamadas de "ghost bikes" ("bicicletas fantasmas").

"É uma demonstração legítima e interessante de um grupo de cidadãos que querem que se valorize o transporte mais sustentável e têm buscado sensibilizar a sociedade como um todo", diz o representante da Prefeitura. "Nossa intenção é tentar aumentar a integração do ciclista com o transporte coletivo. É um processo que está começando. E nossa secretaria é totalmente favorável ao uso de transportes alternativos."
Daniel Santini/G1A primeira 'bicicleta fantasma' da cidade foi instalada em um poste da Avenida Luiz Carlos Berrini, próximo ao local onde um ciclista morreu em agosto de 2006. (Foto: Daniel Santini/G1) Espaço reduzidoA Secretaria do Verde e do Meio Ambiente conta com um grupo de trabalho para incentivar a prática do ciclismo na cidade, o Grupo Pró-Ciclista, e tem como meta tentar aumentar o número o espaço para as bicicletas entre os carros. Atualmente, existem apenas 4,5 km de ciclovias. A idéia é que, com a criação de novas rotas, incluindo a Radial Leste e a Marginal Pinheiros, este número aumente para cerca de 50 km.

Apesar da intenção, na prática os ciclistas continuam tendo cada vez menos espaço nos congestionamentos da cidade. Em vez de aumentar, o número de ciclovias diminuiu em algumas regiões, como Pinheiros, por exemplo. A pista que existia na Avenida Faria Lima foi totalmente desativada e, no trajeto, foram instalados obstáculos como canteiros e grades.

O chefe de gabinete Hélio Neves reconhece que, apesar da pasta ter um grupo para impulsionar a prática de esportes, não resolve sozinha o problema. "A Secretaria do Verde e do Meio Ambiente é altamente interessada e participa desse protesto, mas quem tem o papel mais importante é a área de transportes e as subprefeituras", resumiu. A Secretaria de Transportes foi procurada, mas a assessoria de imprensa da pasta informou que ninguém iria se pronunciar sobre o problema.

Fonte Daniel Santini, Globo.com , 06/12/2007