terça-feira, 3 de junho de 2014

A Batalha de Amsterdam


Amsterdam é uma cidade ocupada,  invadida por milhares e milhares de homens e mulheres de todas as idades e por crianças que se movimentam de um lado para o outro, para cima e para baixo, para a direita e para a esquerda, pela frente, pela retaguarda, em todas as horas do dia, do amanhecer ao anoitecer, propulsionando suas máquinas de duas rodas.
É preciso estar muito atento para não ser atropelado.
São os ciclistas com suas bicicletas altas e de estilo antigo.
Nesta ocupação comportam-se como um exército altamente motivado e disciplinado, de grande disposição moral e física para o combate que precisam estabelecer contra seu maior adversário, o automóvel, muitas vezes respaldado por administradores e interesses de curto alcance.
É uma disputa que continua viva e indefinida mas os ciclistas têm razões para supor que possam estar vencendo.
Na batalha de Amsterdam poderá se definir o destino de outras cidades, talvez o próprio destino do mundo.
Esta batalha, portanto, é decisiva e não pode ser perdida.
Isto, pelo menos, enquanto não se avance para um estágio superior de civilização e de sociedade e a questão do transporte possa ser resolvida de outras formas.
Até lá os ciclistas holandeses vão exercitando suas pernas  -- algumas, femininas, atraentemente expostas em saias curtas nos dias agradavelmente tépidos do verão que se anuncia--  e os automóveis, sem poder esboçar reação, vão lhes dando passagem.

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