Observando algumas manifestações a respeito da localização da ciclofaixa que se pretende criar na região central de Pelotas, inclino-me, num primeiro momento, pela opção da rua Félix da Cunha. Seria, sem dúvida, a oportunidade de demarcar o espaço central, pela demonstração de que ele não é exclusivo dos carros. Transcrevo, portanto, a manifestação do Pedal Curticeira que encaminha sua proposta neste sentido.
Entre as duas opções, a mais audaciosa/ousada, indubitavelmente, é a Félix da Cunha. Por diversas razões:
Seria a representação prática de que o atual governo está disposto ao rompimento de paradigmas, de forma a horizontalizar a Mobilidade Urbana, revendo a situação de prioridade aos motorizados, historicamente acondicionadas ao processo de expansão das cidades (ver SagaCity) e dando igual condição à circulação de bicicletas, veículo limpo, saudável, integrador, humano e acessível de todos, exceto de nossas próprias pernas.
Valorização do patrimônio histórico da cidade e possibilidade de contato saudável deste com as pessoas, pois estimularia a mais pessoas se exercitarem conjuntamente com seus compromissos diários (sendo realizados de bicicleta) e atraindo as pessoas para interagirem com praças (Cel. Pedro Osório e José Bonifácio), universidades (Direito UFPel, Auditório e Reitoria UCPel), escolas (São José e Gonzaga) e prédios históricos.
Ativaria a economia local e ativaria o marketing criativo de vários comércios locais que deverão se “antenar” no grande e potencial público ciclista para gerar benefícios à clientes que forem às suas lojas de bicicleta. Quer mídia mais saudável que essa?!?
A partir da implementação do iminente estacionamento rotativo previsto ainda para este ano, não haverá mais aquela desculpa de clientes de carro encontrariam barreiras para comprarem em suas lojas. A tendência lógica e natural já é o desestímulo ao uso de motorizados, e quanto mais em área central, onde se deve estimular a circulação de pedestres e de forma segura, sem a ameaça iminente de veículos em alta velocidade.
Concluo avaliando a metodologia de reuniões desta natureza em espaços como o escolhido, ou seja, ao ar livre. Dispomos, quase ao lado, da Biblioteca Pública e do saguão da Prefeitura ( principalmente este último), dois espaços que preenchem condições muito boas para tal tipo de reunião sem as limitações de intempérie, de som nem desconforto. Além disto mais do que demarcar a presença do Poder no espaço público é interessante caracterizar a presença do público no espaço de Poder o que, historicamente, não ocorre.
Poderia ser a oportunidade, aliás, de criar nestes locais um estacionamento para bicicletas.
De resto, nesta breve apreciação, pode-se concluir que, sem dúvida, os interesses do ciclismo dão ares de perspectivas bem positivas.
O interesse existe e os defensores do ciclismo estão mobilizados.
Vamos aguardar a ciclofaixa central que, esperamos, seja realmente central.