Sob a legenda " O ciclista, que carrega uma criança ignora o perigo e cruza a avenida Ferreira Viana em direção ao prolongamento da São Francisco da Paula num momento de intenso fluxo de veículos" a edição de 28 de julho de 2008 do Diário Popular ( Pelotas) estampa na Seção Imagem do Dia a foto acima na qual aparece o citado ciclista.
As circunstâncias precisas da ação do ciclista não ficam bem esclarecidas na foto de modo que não se pode avaliar com propriedade o perigo aludido.
Na realidade, embora possa até se ter esta impressão de grande risco, a foto por si só não permite avaliar plenamente o fato.
Mas, por outro lado, chama a atenção o reiterado enfoque que é dado às supostas ações temerárias e irresponsáveis dos ciclistas os quais, segundo este enfoque, além de arriscar suas próprias vidas, comprometem também a segurança e a qualidade do trânsito como um todo e, em especial, no tocante aos veículos motorizados.
No exemplo em questão a irresponsabilidade do ciclista é apontada como de tal grau que junto a si “carrega uma criança”.
O que se deixa de registrar são as ainda precárias condições de infraestrutura para que os ciclistas possam se deslocar sem correr estes riscos e perigos que são acusados de enfrentar.
De fato, o maior perigo enfrentado origina-se nas políticas públicas costumeiras no Brasil que insistem em ignorar a existência deste segmento de usuários das vias de transito enquanto fazem investimentos vultosos em obras que visam favorecer quase que exclusivamente aos automóveis.
Transporte coletivo, pedestres e ciclistas são atores que parecem ter apenas um papel secundário neste cenário.
No caso de pedestres e ciclistas, se ousarem cruzar o caminho dos automobilistas , isto passa a ser um perigo que correm por sua própria conta.
Seria, por outro lado, pelo menos compensatório se através da Fotografia, tão importante e destacada em alertar para questões cruciais da sociedade, se pudesse igualmente mostrar outros ângulos mais favoráveis da presença dos ciclistas em nosso meio.
Perfeito,prudente e muito bem colocado.......amigo Paulo.
ResponderExcluirPois os governantes de uma cidade que não planejam ,e muito menos respeitam ou criam politicas de integração social ,através dos meios alternativos de transporte(um deles:bicicleta)...deveriam se envergonhar desta tal matéria no jornal.
Cada vez mais desconsideram a parte social e ecológica da cidade á qual governam....dando prioridade para agradar"os olhos da burguesia" com esse "frenesi asfaltico" .
Muito bom o artigo.
ResponderExcluirA abordagem da mídia costuma ser mesmo essa apontada, a de desqualificar os pedestres e ciclistas como irracionais que ousam cruzar o caminho dos automobilistas.
É preciso estar atento a tais nuances e expor o verdadeiro sentido das imagens e palavras usadas.
Este artigo mostra a insistência da mídia em desqualificar a maioria em detrimento de uma minoria privilegiada motorizada em suas armaduras de aço.
ResponderExcluirEsta insistência esta levando a “deteriorização” da qualidade devida das pessoas, com o argumento burro de “melhoria do transito”, onde tentam aumentar a velocidade dos carros, levando ao colapso como em São Paulo onde a velocidade media dos carros é mais baixa que da bicicleta..
Na pratica incentivam as pessoas a terem carros, e com isto os investimentos públicos a serviço do bem privado, levando as verbas .
Neste ritmo impensado teremos cada vez mais cidades poluídas, paralisadas e individualista.
Esta na hora de decidirmos: que cidade queremos? “para os carros ou para as pessoas”.
Milton C. Della Giustina
Viaciclo